onde jaz meu céu estrelado
Se uma pergunta fosse, onde jaz meu céu estrelado? Atafona, a praia com nome de moinho de vento. O trabalho conta a história do aparente desaparecimento de Atafona, lugarejo à beira da praia, no norte fluminense, onde cresci e que vem sendo tragado pelo mar por força do fenômeno da "transgressão marinha", nos últimos 70 anos. Estima-se que cerca de 15 ruas paralelas à praia já desapareceram desde então. No entanto, Atafona remanesce mais viva do que nunca. Para falar desse lugar intangível da memória e do inconsciente, o ensaio propõe choques de imagens heterogêneas para criar pequenas janelas do fabular, tensionando o diálogo entre: i) imagens da natureza do lugar, que vem sofrendo com o assoreamento do Rio Paraíba do Sul e o avanço voraz do mar; ii) imagens de azulejos arqueologicamente garimpados ao longo do projeto em lojas do tipo 'cemitério de azulejos', similares aos encontrados nas ruínas da beira da praia, e iii) imagens da casa em que cresci e que resiste ao avanço do mar, relicário do imaginário infantil aqui eternizado, para lembrar que ruína e destruição aparentes apenas escondem camadas soterradas de vida e a sutileza do vivido existirá/resistirá para sempre na memória e no inconsciente de quem com aquele lugar se deu.
Ano de produção: 2016 - 2020
Técnica: fotografia digital, fotolivro publicado pela Fotô Editorial em março de 2020.
