janelas íntimas (2017–2020)
Este ensaio visual é fruto de uma investigação teórica e poética que parte da leitura de Imagens-Ocasiões, de Georges Didi-Huberman, sob orientação de Fabiana Bruno.
A partir do conceito de apercebenças (aperçus), desenvolve-se uma pesquisa sobre o desaparecimento, o efêmero e o intangível — aquilo que se manifesta em um instante e, ao mesmo tempo, se esvai, mas deixa marcas na memória que acompanham nosso corpo nos caminhos que se abrem.
Composto por imagens que exploram o recurso da dupla exposição em P&B, o ensaio nos convida a navegar pelo meio aquoso das memórias do passado, dos lugares e casas percorridas, das paisagens experimentadas, intercaladas pelas vivências do presente, desejosas de um futuro que se anuncia no momento seguinte do piscar de olhos. Camadas de tempo que carregamos todos em algum lugar lá dentro.
Apresentado na forma de uma Instalação fotográfica, a sobreposição de tempos ganha materialidade na escolha dos suportes — porta-retratos familiares, objetos descartados — que, reunidos, passam a integrar o gesto poético e político da obra, incorporando o tempo e a memória como protagonistas.
Janelas Íntimas articula imagens que não se fecham em si, mas operam como dispositivos sensíveis de evocação da passagem do tempo. São imagens-sonho, abertas à fabulação, e que convocam o olhar do espectador a um exercício de escuta visual — íntimo e indeterminado e assim, prenhe de múltiplas possibilidades de interpretação.
Técnica: Instalação fotográfica. Treze porta-retratos recuperados em mercados de pulgas e fotografia digital.
Dimensões: aproximadamente 110x110x2 cm
Nota: um recorte deste ensaio integra o fotolivro "onde jaz meu céu estrelado", publicado em 2020 pela Fotô Editorial.

ali onde já não estou mais
2017/2020













