
jardim onde as rosas não falam
(2017-2020)
Esta instalação recria o ambiente doméstico para revelar a tensão entre a autonomia feminina e o papel sufocante da esposa submissa, dedicada ao lar e à família. A obra convida a uma reflexão profunda sobre os comportamentos enraizados no patriarcado latino-americano, que molda silenciosamente relações marcadas pela desigualdade.
Em sociedades onde esses padrões persistem, especialmente na América Latina, as cifras silenciosas clamam por atenção: a cada dia, no Brasil, mais de seiscentos atos de violência são registrados contra mulheres, feridas pela própria estrutura que deveria protegê-las. Entre 2017 e 2020, milhões delas viveram o horror da violência física, psicológica ou sexual, uma realidade que reafirma o Brasil como um dos países onde o feminicídio mais ceifa vidas, ao lado de outras nações marcadas por esse grito calado.
O uso dos marcadores de fila atua como símbolo da linha invisível que separa o público do privado — uma divisão que delimita espaços de poder e silêncio. Ao criar essa barreira, a instalação convida o espectador a deixar a passividade, atravessar essa fronteira simbólica e reconhecer a realidade muitas vezes invisível. É um chamado à responsabilidade ética, social e política para enfrentar as estruturas de poder que sustentam relações íntimas desiguais.
Técnica: objetos domésticos, tapete, tecido, apliques, linha, tinta para tecido e dois marcadores de fila metálicos.
Dimensões: 1m² (100 x 100 cm)






