da janela fechada eu ainda vejo o mar
(2022)
instalação que tensiona os limites entre o visível e o ausente, entre o real e a lembrança. Composta por uma fotografia digital impressa em vinil adesivo fosco, uma cortina de tecido impregnada pela poeira acumulada de vinte anos de abandono e um galho de árvore recolhido em um parque, a obra ativa camadas de tempo e memória a partir de materiais carregados de silêncio. A janela, ainda que fechada, torna-se metáfora de uma visão interior: o mar que persiste não mais como imagem direta, mas como presença evocada, como rastro que atravessa o confinamento e habita o imaginário. A poeira e o galho agem como inscrições do tempo — marcas de um mundo que insiste em se infiltrar, mesmo no espaço mais esquecido.
A fotografia, sem brilho, nega a transparência; a cortina não oculta, mas revela o acúmulo dos anos; o galho, fragmento do exterior, aponta para uma natureza que resiste, mesmo quando não olhada. Poética e tecnicamente, a obra propõe uma contemplação do invisível, convocando o espectador a ver com aquilo que resta: memória, poeira, silêncio. "Da janela fechada eu ainda vejo o mar" é, assim, um exercício de escuta visual — um convite a perceber aquilo que o tempo não apaga, mas transforma em vestígio.
Técnica: instalação composta por fotografia digital impressa em vinil adesivo fosco, cortina em tecido com poeira de vinte anos de abandono e galho de árvore coletado no parque.
Dimensôes: 180x160x5 cm
