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flores de plástico não envelhecem jamais (2022)

ao compor instalações que mesclam objetos pessoais, móveis e fotografias, esquecidos num apartamento abandonado por mais de vinte anos e que pertenceram à mãe da mãe da minha mãe, proponho uma reflexão sobre o simbolismo de uma prevalência do padrão floral em objetos diversos que compõem a cena doméstica e os  seus efeitos sobre o imaginário e o reforço de estereótipos, através de gerações.

 

flores nas roupas de vestir o corpo e a casa, flores a ilustrar os livros, os quadros, fotografias de flores. a onipresença das flores a ditar um padrão de delicadeza e graça, e que parece querer lembrar às mulheres o quão lisas suas peles devem ser regularmente mantidas, o quão perfumadas elas devem se manter (“a beleza da mulher e das flores é fundamental”, sugere um dos livretos encontrados no arquivo-legado).

 

ao preservar camadas de poeira, tecidos com rugosidades e marcas de sujeira e da passagem do tempo, busco tensionar o diálogo entre o livre arbítrio feminino através de gerações, para refletir sobre a pressão da sociedade por um atendimento, pelas mulheres, ainda hoje, a padrões estéticos inatingíveis, reforçando crenças do passado que se relacionam a sujeição, poder, pasteurização de massas-corpos, manipulação de carnes-corpos, estes perecíveis por natureza - assim como as flores reais.

encenação de um poema (2022)

250x210cm

Instalação que mescla fotografias e objetos.

ao sentar não se demore (2022)

150x180x150cm

banco de madeira, penteadeira; camisola, cesta de vime com produtos de toalete vencidos e “teresa” de meias finas, paralelepípedo coletado na rua, e cacto de plástico.

cama, mesa e banho (2022)

150x165cm

Toalha de mesa e fotografia digital, impressa em papel algodão.

em que espelho ficou perdida a minha face? (2022)

21x15x1cm (cada)
objetos “de toalete” feminino, e caco de louça recolhido na beira da praia, sobre retratos de família - espelho com moldura de plástico de R$ 1.99.

“florescer” (2022)

100x50x20cm

par de sapatos, raízes desidratadas, barbante e sacola plástica de uma loja de sapatos que não existe mais.

 

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