jardim de esculturas para um doce mundo distópico
(2022-em andamento)
essa pesquisa segue desdobrando uma investigação sobre contra-narrativas do tempo passado, iniciada em “onde jaz meu céu estrelado” e “as coisas restarão para apagar as luzes do mundo”, para propor um olhar alternativo a realidades ditas como “dadas”, aqui substituídas por realidades “criadas”, fabuladas ou imaginadas. sigo fabulando mundos possíveis a partir do caos, da fissura, do abandono, do fragmento, da ruína, em diálogo com as ideias aconchegadas de casa, lugar de origem e sua suposta História, coisas do cotidiano e paisagem urbana, para narrar outras Estórias.
o mundo moderno em distopia é aqui representado por um pátio em ruínas, abandonado, que é a laje de uma construção erguida por meu avô, entre 1992 e 1995, no mesmo terreno onde cresci. nele, pequenas espécies brotam do chão de concreto. vida que resiste e se levanta do nada revestido por uma camada espessa de fuligem preta. são plantas, são sombras, são formas escultóricas, são memórias de um tempo vivido neste mesmo perímetro e seus rastros que insistem em sorrir no intervalo de um olhar e outro.
o pátio é, ele mesmo, subvertido em seu desgaste e abandono pela criação de um jardim imaginativo, um jardim de esculturas num éden às avessas: o fim do mundo tal como conhecemos é agora e urge que o escovemos a contrapelo para que possamos contar estórias de um novo porvir, da distopia à utopia, através da elaboração de outras realidades possíveis.
p.s. essa pesquisa fotográfica segue em andamento e a edição aqui publicada é preliminar e viva, segue sendo editada e re-editada. optei por publicar trabalhos em andamento e não terminados para possibilitar o diálogo com outros artistas e pesquisadores a respeito do tema.