No fundo do oceano de dentro (2020 – em andamento)
Durante o período de restrições ao convívio social impostas pela pandemia de coronavírus (2020-21), a existência tornou-se fragmentada, e a reconexão com lugares e memórias afetivas passou a ser condição fundamental para a sobrevivência. Sem acesso ao mundo externo, busquei encontrar espaços de fabulação no diálogo entre objetos e fotografias de arquivo familiar, elegendo o mar como fio condutor dessa investigação.
Esta série de imagens utiliza o recurso da montagem para tensionar o diálogo entre a passagem do tempo e a energia sutil impregnada nas coisas que compõem nosso entorno. O trabalho aprofunda a investigação sobre o animismo — a presença de vida e potência comunicacional nos elementos considerados inanimados — e o ambiente que os interliga: o ar, o mar, a terra.
Roupas que permaneceram, fotografias de arquivo, pequenas pedras e gravetos. Tudo aquilo que, aos olhos apressados, parece sem valor, mas que, nas palavras de Manoel de Barros, serve à poesia.
Elevados à condição de protagonistas da narrativa visual, esses elementos dispensam a representação humana para nos chamar pelo nome. As imagens convidam o olhar a uma conversa silenciosa que se desenrola nas camadas de vida presentes na superfície das coisas — aqui entendidas como entidades livres e vivas, ativadas pela energia daqueles que com elas conviveram, refletindo sobre o legado, os rastros e as marcas que deixamos no mundo e na natureza.
para-quedas (2020)
fotografia digital, impressa em tecido, dimensões 80x150cm
para-raio (2020)
fotografia digital, impressa em tecido, dimensões 80x150cm
sereia (2021)
fotografia digital, impressa em tecido, dimensões 80x150cm
templo (2021)
fotografia digital, fotografia analógica, objetos de família, linha e caco de louça recolhido na beira da praia, sobre fotografia digital impressa em canvas.
80x60x2cm.
obra integrante do acervo permanente da Fundação Cultural de Ilhabela - SP




